Os danos na imagem da companhia, no entanto, são irreparáveis.
Após vários dias de silêncio, a Wizards of the Coast (ou apenas WotC) se manifestou acerca do vazamento da Open Game License (OGL), documento que apresenta diretrizes para a criação de conteúdos de terceiros para Dungeons & Dragons e outros jogos!
O que mudou em relação ao vazamento da OGL?
Em primeiro lugar, a Wizards of the Coast confirmou a veracidade do documento vazado. Todavia, a editora se justificou informando que o documento era apenas um rascunho, e que cuja intenção era refiná-lo antes de sua publicação inicial. Você pode ver nesta publicação qual era a proposta da Wizards of the Coast.
O estúdio também se manifestou em relação aos criadores de conteúdo: o documento vazado informava que, para criar um produto derivado da OGL, você cederia seus diretos para a Wizards of the Coast. O estúdio poderia, inclusive, sublicenciar seu material para estúdios parceiros ou usá-lo nas criações da empresa. O intuito do texto era proteger a Wizards of the Coast de quaisquer alegações de que a empresa teria “roubado o trabalho” de outros criadores de conteúdo.
Apesar dos esclarecimentos, a Wizards of the Coast não forneceu a nova OGL – o intuito é fornecê-lo assim que a empresa tiver corrigido os trechos do documento que considera problemático – mas ele sim, será publicado em detrimento da OGL 1.0.
Abaixo, você pode conferir o comunicado da empresa em português.
Quando nós iniciamos a revisão da OGL, nós o fizemos com três propósitos em mente: Em primeiro lugar, nós queríamos ter a capacidade de prevenir a inclusão dos conteúdos de D&D em produtos que contém discurso de ódio e discriminação. Segundo: nós queríamos endereçar as tentativas de usarem Dungeons & Dragons em jogos de blockchain, NFTs e web3 ao deixar claro que o conteúdo da OGL é limitada para RPGs de mesa, como campanhas, módulos e suplementos. E terceiro: queríamos destacar que a OGL é para os criadores de conteúdo, o criador de conteúdos caseiros (homebrew), o designer aspirante, nossos jogadores e a comunidade – e não grandes companhias que o usam para seus próprios propósitos comerciais e promocionais.
Liderando estes objetivos, haviam duas princípios: (1) nosso papel é ser um bom guardião do jogo, e (2) a OGL existe para o benefício dos fãs. Nada sobre estes princípios vacilaram por um único segundo.
É por isso que os primeiros rascunhos da nova OGL incluíam aquelas parágrafos. A língua do rascunho foi fornecida aos criadores de conteúdo e desenvolvedoras para que suas opiniões pudessem ser consideradas antes que tudo estivesse finalizado. Além do texto nos permitir endereçar condutas discriminatórias e odiosas ao clarificar quais tipos de produtos a OGL cobre, nossos rascunhos incluíam textos acerca de royalties, projetado para se aplicar a grandes corporações que tentarem usar os conteúdos da OGL. Nunca foi nossa intenção impactar a vasta maioria da comunidade.
Entretanto, é claro que, pelas reações, que nós rolamos um 1. Se tornou muito claro que não é mais possível atingir os três objetivos enquanto nos mantermos justos com os nossos princípios. Portanto, isso é o que iremos fazer.
A próxima OGL irá incluir provisões que nos permite proteger e cultivar o ambiente inclusivo que estamos tentamos construir, e especificar que ela apenas se aplica a conteúdos para RPGs de mesa. Isso significa que outros tipos de expressões, como conteúdos educacionais e campanhas para caridade, livestreams, cosplays, usos em VTTs, etc, não serão afetados por qualquer conteúdo presente na OGL. Conteúdos já lançados sob a licença 1.0a também não serão afetados.
O que não contará (no documento) é qualquer estrutura de royalty. Também não incluirá o texto da licença que fez com que algumas pessoas ficassem com medo que nós roubássemos seus trabalhos. Isso nunca passou pela nossa mente. Como qualquer nova OGL, você irá ser o dono do conteúdo que criou. Nós, não. Qualquer texto que colocarmos no documento tornará este ponto claro e inequívoco. O texto da licença tinha a intenção de proteger a nós e nossos parceiros de criadores que incorretamente alegarem que nós roubamos seus trabalhos por conta de coincidências similares. Conforme continuamos a investir no jogo que amamos e seguimos com parcerias para filmes, séries de TV e jogos digitais, este é um risco simplesmente grande demais para ser ignorado. A nova OGL contará com textos para endereçar este risco, mas iremos fazê-lo sem cobrar um retorno pela licença e sem sugerir que temos direitos nos conteúdos que você criar. Suas ideias e as coisas que pensam são as coisas que tornam este jogo especial, e isso lhe pertence.
Alguns pensamentos finais. Primeiro, nós não seremos capazes de disponibilizar a nova OGL hoje porque precisamos ter certeza de que faremos isso de forma correta. Segundo: você vai ouvir pessoas dizerem que eles ganharam, e que nós perdemos porque fazer que suas vozes sejam ouvidas nos fez mudar de planos. Estas pessoas estarão apenas metade certas. Elas venceram – e nós também.
O plano sempre foi solicitar a opinião da comunidade antes de qualquer atualização para a OGL – os rascunhos que você viu foi a nossa tentativa de fazer isso. Nós queremos sempre encantar os fãs e criar experiências, juntos, que todos possam amar. Nós percebemos que não fizemos isso desta vez e pedimos desculpas por isso. Nosso objetivo foi ter exatamente o tipo de opinião de quais parágrafos são válidos e quais não são – e tivemos este último de vocês. Qualquer mudança de tal importância só poderia ser bem feito se estivéssemos dispostos a aceitar estas opiniões, sem importar a forma como foi fornecida – e nós estávamos dispostos. Obrigado por se importar o suficiente para nos deixar saber o que funcionou ou não, o que vocês precisam e o que lhes assustam. Sem saber isso, nós não podemos fazer com que a nova OGL cumpra nossos princípios. Finalmente, nós apreciamos a oportunidade de fazer isso direito. Nós amamos os jogadores devotados a D&D e os criadores que os levaram para tantas aventuras incríveis. Nós não o decepcionaremos.
Publicação da marca Dungeons & Dragons, disponível no D&D Beyond.
Algo curioso é que a Wizards of the Coast escolheu a arte Bar The Gate, carta de Magic: The Gathering, para ser a arte de chamada para a publicação, o que foi visto como uma provocação para os fãs de Dungeons & Dragons. Vendo a resposta negativa da comunidade, a arte da publicação foi alterada.

Os danos
Apesar de ter mitigado parte da crise após o vazamento da OGL 1.1, os danos na imagem da empresa são irreparáveis: após o vazamento de um e-mail destinado aos Community Managers de Dungeons & Dragons, que explicitava que a Wizards of the Coast não se importava com os fãs, centenas de assinantes do D&D Beyond, plataforma digital de D&D, cancelaram suas assinaturas. Os cancelamentos foram tantos que a plataforma se viu obrigada a remover o botão de unsubscribe da página inicial da plataforma, deixando-o escondida através de um hyperlink no meio de uma grande quantidade de texto.
Diversos youtubers americanos publicaram vídeos difamando a empresa, o que ajudou ainda mais a destruir a imagem da subsidiária da Hasbro. Não demorou muito para que o assunto furasse a bolha dos RPGs, chegando até o ouvido de grandes youtubers de conteúdos gerais e grandes portais de notícias (como é o caso da Forbes).
Como toda desgraça é pouca, a Paizo anunciou a sua própria licença aberta, a Open Creative RPG License, ou ORC. Inúmeras editoras third-party, como a Legendary Games e a Kobold Press, irão aderir à licença. É válido ressaltar que a ORC será uma licença, mas não uma SRD: cada estúdio terá que desenvolver seu próprio documento de referência do sistema.
Ao que parece, ninguém irá aderir à nova OGL.
O que é a OGL?
A Open Game License (ou Licença de Jogo Aberto) surgiu na aurora da edição 3.0 de Dungeons & Dragons, sendo considerada revolucionária até os dias de hoje, mais de vinte anos após o seu advento. O documento, pequeno o suficiente para caber em uma única página, apresenta diretrizes para que criadores de conteúdos e estúdios reutilizem conteúdos presentes nos livros de regras de Dungeons & Dragons.
Os conteúdos passíveis de serem reutilizados em outras obras estão listados em um segundo documento, intitulado System Reference Document, ou apenas SRD. Logo, a OGL é a licença que permite a reutilização de conteúdos, enquanto a SRD apresenta o que pode ser reutilizado.
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