A decisão foi anunciada após polêmica envolvendo artes criadas por Inteligência Artificial na última semana!
A Wizards of the Coast, proprietária da marca Dungeons & Dragons, se viu envolvida em uma grande polêmica na última semana: um artista parceiro de longa data da empresa usou Inteligência Artificial (IA) para produzir uma arte para o livro Bigby Presents: Glory of the Giants, lançado mundialmente hoje (15/08). A gente te conta os detalhes da confusão e qual foi a decisão da empresa para solucionar o caso!
Artes produzidas por Inteligências Artificiais (IA) democratizaram o acesso à arte: com muitas destas ferramentas fornecendo algum tipo de acesso gratuito aos usuários, qualquer um pode produzir artes de boa qualidade em poucos cliques. Apesar dos benefícios aparentes, o processo de criação das artes é bastante contestável.
Para produzir uma obra de arte, a IA precisa receber um texto descritivo do usuário (como por exemplo, “um dragão voando acima de uma cidade”). Munida deste dado, a IA procura em seu banco de dados por artes que possuam descrições similares a este texto e mistura elementos de diversas ilustrações compatíveis, criando uma nova arte “original”. O “X” da questão é que este banco de dados possui bilhões de imagens protegidas por direitos autorais, e que jamais poderiam ter sido inseridas em um banco de dados e reaproveitadas desta forma.
Este fato colocou em cheque a legitimidade da ferramenta (inclusive na esfera judicial), e não demorou muito para que artistas e estúdios se manifestassem contra o uso da ferramenta. A Chaosium e a Paizo, duas das maiores editoras de RPG de mesa, anunciaram que não usarão artes produzidas por Inteligência Artificial em nenhuma de suas publicações.
Entendendo a polêmica com a IA
O D&D Beyond, ferramenta digital de Dungeons & Dragons, criou diversas publicações nas últimas semanas com o intuito de divulgar Bigby Presents: Glory of the Giants. E em uma publicação específica (que você pode ver aqui), os usuários da plataforma notaram diversas deformidades em duas das artes, disponíveis abaixo.

Estas imperfeições são típicas de ilustrações criadas por Inteligências Artificiais, e não demorou muito para que os usuários chegassem a esta mesma conclusão, difamando a Wizards of the Coast por usar estas ferramentas mesmo estando por trás do maior RPG do mundo. O “pulo do gato” aqui é que a Wizards of the Coast pagou para que o artista, Ilya Shkipin, produzisse a arte em questão, que foi solicitada pela empresa no ano passado.
Em seu Twitter (agora desativado, mas ainda disponível através do Wayback Machine), o artista confirmou que usou Inteligência Artificial para produzir a arte. A ferramenta foi utilizada para polir os detalhes da imagem, criando detalhes extras na imagem. Você pode ver detalhes de polimento na arte abaixo.

Há outro agravante: April Prime, artista que desenvolveu várias das artes conceituais do livro (o que inclui o gigante acima) é contra a produção de artes através de inteligência artificial. Há a desconfiança (não confirmada) de que a arte abaixo também foi produzida com o auxílio de uma inteligência artificial. A arte conceitual está na esquerda, enquanto a arte final está na direita.

O pronunciamento da Wizards sobre artes criadas por Inteligências Artificiais
Com o caso esclarecido, a Wizards of the Coast veio a público se posicionar acerca da utilização deste tipo de arte. Abaixo, você pode ver o posicionamento da empresa, traduzido para o português.
Hoje, ficamos cientes de que um artista usou IA para produzir uma ilustração para o próximo lançamento, Bigby Presents: Glory of the Giants. Nós trabalhamos com este artista desde 2014 e ele colocou anos de trabalho nos livros que todos nós amamos. Nós não estávamos cientes da escolha do artista de usar IA em seu processo de criação. Nós conversamos com ele, e ele não usará IA para produzir trabalhos para a Wizards daqui em diante. Nós estamos revendo nossos processos e atualizando nossas orientações para os artistas para deixar claro que artistas devem abster-se de usar arte gerada por IA como parte de seu processo de criação ao desenvolver ilustrações para D&D.
Publicação da Wizards of the Coast sobre o uso de artes desenvolvidas por Inteligência Artificial.

Alguns dias após o posicionamento, a Wizards of the Coast disponibilizou um comunicado para “aparar as arestas”. No comunicado para a comunidade, a empresa ressaltou que contratou o serviço em 2022, antes mesmo do uso de geradores de imagens através de inteligência artificial se tornar mundano, e que, portanto, não sabia da mudança no processo criativo do artista. Ainda, a organização deixou claro que continuará trabalhando em conjunto com o artista, uma vez que não havia uma política sobre a não-utilização de artes criadas por estas ferramentas.
As artes envolvidas foram removidas do livro na versão digital (disponível através do D&D Beyond), e a empresa solicitou a produção de novas ilustrações. As novas artes estarão presentes no livro digital assim que finalizadas, assim como figurarão nas próximas tiragens do livro físico.
Todas as artes comissionadas para os próximos livros a serem lançados neste ano foram revisadas, e a empresa assegurou que não há nenhuma arte que possua o envolvimento de geradores de ilustrações através de inteligência artificial. A empresa finalizou o comunicado informando que “o coração de D&D é a imaginação e a criatividade humana. Nós continuaremos a contratar e empregar artistas humanos ao produzir livros e produtos de D&D”.
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